10/08/2018

Plantas para purificar o ar interior de casa

A qualidade do ar que respiramos é algo de extrema importância para mantermos um estilo de vida saudável. Se é certo que a arquitectura tem um papel fundamental na escolha dos materiais e no modo de efectuar a renovação de ar, é também fundamental entender que está ao nosso dispor a possibilidade de purificar o ar através da utilização de plantas.

O que é a má qualidade do ar?
A má qualidade do ar resulta essencialmente de partículas em suspensão que se acumulam na nossa casa e que são no fundo prejudiciais ao nosso sistema respiratório em particular. Alguns microorganismos nocivos à nossa saúde podem também sobreviver em ambientes com baixa iluminação e elevada humidade.

De onde vem a má qualidade do ar interior?
A má qualidade do ar interior provém maioritariamente de agentes externos como os escapes dos automóveis, chaminés externas, poeiras de construção, etc... Contudo os materiais que revestem o interior da habitação podem eles também possuir propriedades que os levam a libertar partículas nocivas para a nossa saúde.
Os arquitetos devem ter noção que algumas fontes são particularmente nocivas:
- fibras de amianto ( produto cancerígeno)
- vapor de formaldeído
- compostos orgânicos voláteis
- fumo de tabaco ou cinzas
- gás radão ( libertado pelo granito )
- polímeros degradados ( plásticos ressequidos)
- pinturas não biodegradáveis
-deficiente manutenção dos aparelhos de climatização como o ar condicionado ou condutas de ventilação
Convém salientar que o uso intensivo da abrasão sobre vários materiais pode também causar maior proliferação de poeiras e partículas.

Como purificar o ar interior?
O ar interior pode ser purificado de diversas formas:
- Sempre que a qualidade do ar exterior o permitir a ventilação natural deve ser a opção por ser a solução mais sustentável.
- Eliminar a fonte poluente interior, removendo o material ou o equipamento.
- Revestir o material que emite as partículas. Tapar as fendas do granito, reduzindo a superfície em contacto directo com o ar reduz a exposição a este agente.
- Por fim, utilizar as plantas enquanto agente purificador.

Que plantas podemos utilizar para purificar o ar?
De acordo com uma publicação da NASA, Interior Landscape Plans for Indoor Air Pollution Abatement , publicação de 1989, são várias as espécies que podemos utilizar de acordo com a estratégia que pretendemos. Vejamos em seguida quais as mais indicadas para cada grupo de poluentes.


Plantas para eliminar o xileno e o formaldeído

Para eliminar o forlamdeído ou metanal ( presente em alguns papeis e que causa irritação nas fossas nasais) ou o xileno ( presente nos derivados do petróleo como a borracha e que pode causar tonturas e problemas cardio respirtatórios) estas são as plantas mais aconselhadas:


-  Nephrolepis exaltata, conhecida como Samambaia americana, herbácea rizomatosa com folíolos longos e rectilineos
Nephrolepis exaltata

- Nephrolepis obliterata, outra herbáce rizomatosa com folíolos mais verticais 

Nephrolepis obliterata


- Phoenix roebelenii  também conhecida como Tamareira-anã , palmeira anã, tamareira de jardim ou Palmeira-fénix.


Phoenix roebelenii 


- Chlorophytum comosum conhecido como Clorofito

Chlorophytum


- Chamaedorea seifrizii, também chamada de Palmeira bambu ou Palma bambu

Chamaedorea seifrizii

- Ficus benjamina que é também reconhecida como Figueira Benjamim 


Ficus benjamina


- Spathiphyllum mauna loa também chamado de Lírio da paz ( mais indicado para o xileno)


Spathiphyllum


- Chrysanthemum morifolium também conhecido como Crisântemo  ( também mais adequado para remover o xileno)



Chrysanthemum morifolium


Plantas para eliminar o benzeno

Para eliminar o benzeno que é encontrado nos plásticos, no fumo do tabaco, nos detergentes, nas colas, nas tintas e nas ceras temos disponível outra família de plantas:


- Aglaonema modestum chamada de aglaonema



Aglaonema modestum



- Epipremnum aureum ou melhor conhecida como Jiboia ou hera-do-diabo



Epipremnum aureum

Mais eficaz para remover o amoníaco temos um novo conjunto de plantas. O amoníaco é tóxico e está presente em limpa vidros, adubos, ceras e alguns sais perfumados.




- Anthurium andraeanum reconhecido como Antúrio

Anthurium andraeanum


- Rhapis excelsa chamada de Palmeira-ráfis ou Palmeira-dama 


Rhapis excelsa


Plantas para eliminar o tricloroetileno

Para eliminar o tricloroetileno, estas são as plantas mais indicadas. A exposição excessiva ao tricloroetileno pode causar tonturas náuseas e vómitos. O tricloroetileno está presente em solventes e decapantes, aparecendo em produtos químicos como detergentes.


- Liriope spicata conhecida como Liriope

Liriope spicata

- Gerbera jamesonii chamada de Gerbera ou Margarida do Transval

Gerbera jamesonii

- Dracaena fragrans conhecida como massangeana

Dracaena fragrans


- Dracaena marginata chamada de Dragoeiro de Madagáscar

Dracaena marginata


- Sansevieria trifasciata laurentii chamada de Espada-de-são-jorge, Espada-de-santa-bárbara 



Sansevieria trifasciata laurentii


- Hedera hélix chamada Hera com flor

Hedera hélix

A importância das plantas de jardim interior na arquitectura

Torna-se assim evidente o papel que as plantas podem ter na purificação do ar. Cabe-nos a todos pensar em estruturas que permitam incorporar estes jardins interiores de modo a tirar partido destes processos fisiológicos que nos são benéficos. Os jardins interiores de inverno ou os jardins verticais são assim espaços fundamentais a incorporar pelos arquitectos nos projectos de arquitectura.

07/01/2018

Como construir uma casa ecológica

Como construir uma casa ecológica

Para desenhar uma casa amiga do ambiente é fundamental construir um corpo de saber que se traduza facilmente num conjunto de prioridades a observar na hora de projetar. Assim, julgo fundamental incluir uma breve lista dos temas mais importantes que uma casa bioclimática deve possuir. Na sua generalidade são os temas com os quais nos debatemos ao elaborar um projeto.

Casa ecológica em Paredes - Utopia Arquitectos



Mais recentemente, a casa amiga do ambiente de Paredes foi um dos nossos casos de estudo. Enumero em baixo o processo de trabalho que nos guiou de modo a obtermos uma construção onde a ecologia e a arquitetura se procuram fundir.

Preocupações a ter ao desenhar a Estrutura
A estrutura é fundamental numa casa amiga do ambiente. Para além do seu custo ser 40% do valor global da obra, a sua pegada ecológica é superior a 45% dados os gastos energéticos envolvidos. Como tal, vários são os cuidados a ter:
• Reutilização de materiais encontrados ou oriundos de demolições
• Seleção de sistemas estruturais sustentáveis
• Análise do ciclo de vida de componentes e materiais
• Longa vida,  concepção flexível a várias distribuições da arquitetura (boa capacidade de carga, altura generosa do pé-direito)
• Relação entre massa e desempenho térmico

A arquitectura e a forma exterior da construção. 
O projecto de arquitectura é a base de tudo o que se segue. A concepção da forma é assim determinante e vários são os temas a tratar na casa:
• Avaliação do relacionamento entre área aberta e iluminação e desempenho térmico
• Detalhes do Projecto de execução para um ótimo desempenho da construção
• Materiais e acabamentos sustentáveis ​​e seu impacto na qualidade do ar interior
• Verificar bem o desempenho da forma da construção - evitar pontes térmicas e permeabilidade descontrolada do ar

Pensar a Iluminação
A maximização do uso da luz diurna disponível é o principal objectivo. Para o alcançar uma casa amiga do ambiente deve procurar efetuar durante o projecto:
• Estudos de luz diurna, incluindo análise de fatores de luz diurna, simulações de iluminação diurna
• Seleção e localização de componentes de iluminação: uso de iluminação segundo tarefas e locais, escolha de acessórios de alta eficiência
• Gestão de iluminação: controlo da relação luz natural e artificial

Energia elétrica
O principal objectivo ao nível electrico é a diminuição do consumo de eletricidade:
• Isolamento dos circuitos elétricos durante a noite, dimensionamento de cabo otimizado
• Especificação de elevadores de baixa energia quando necessários
• Consideração de sistemas combinados de calor e energia para maximizar a eficiência energética total
• Avaliação do consumo de energia elétrica

Aquecimento
A principal preocupação é a maximização de técnicas de aquecimento passivo:
• Planeamento da construção e desenho de fachada para maximizar o ganho solar útil
• Avaliação dos ganhos solares passivos e avaliação do potencial de superaquecimento
• Cálculos comparativos de valor de U para garantir o desempenho térmico otimizado
• Modelação do fluxo de calor através da construção em diferentes situações de temperatura e em diferentes épocas do ano
• Máxima eficiência das medidas de aquecimento ativo:
- Seleção do método de aquecimento e combustível
- Seleção dos emissores de calor de alta eficiência, otimização do tamanho da planta
- Otimização de controlos, incluindo Building Energy Management Systems (BEMS)
- Entrada nos cálculos do custo do ciclo de vida

Arrefecimento
O calculo da refrigeração necessária é fundamental. Segue-se assim a maximização das técnicas de resfriamento passivo:
• Massa térmica e ventilação para promover o resfriamento passivo
• Modelação das mudanças de temperatura de modo a prever as temperaturas internas e a sua relação com a temperatura ambiente
• Desenho e conceção do sistema de sombreamento da fachada  ou outros dispositivos
• Design de sistemas ativos para minimizar o consumo de energia

Consumo de água
Aqui o objetivo obvio é a minimização do consumo de água na casa:
• Seleção de componentes para conservação de água e reutilização de águas
• Conceção de sistemas de tratamento de resíduos autônomos
• Desenho da paisagem de modo a minimizar o escoamento superficial da água

Ventilação
A renovação de ar é fundamental em qualquer casa bioclimática:
• Sistemas de ventilação passiva e ativa eficientes em termos de energia
• Modelar os edifícios para avaliar e otimizar a ventilação

Estimativa de custo
A questão do custo aborda dois temas, um primeiro ligado ao dono de obra e um segundo ligado à sociedade como um todo. Mas os dois temas estão profundamente ligados em qualquer casa ecológica:
• Estudos comparativos do custo do ciclo de vida, para componentes individuais e sistemas alternativos, para melhor avaliar a pertinência do custo inicial, do
custo em uso e até do custo de demolição e reutilização, incluindo reciclagem futura
• Contabilidade de custos ambientais

Paisagismo
• Avaliação de questões ecológicas e dos ecossistemas intervencionados
• Paisagismo suave para o acesso solar de inverno do ciclo de vida (altura da vegetação, sombreamento, reflexão da luz, penetração da luz solar)
e abrigo (direções de vento predominantes e intensidade, modelagem de bermas de terra)
• Técnicas de resfriamento passivo para áreas urbanas
• Vegetação indígena: conservação e propagação
• Plantas de tratamento de resíduos e camas de junco

Esta é no fundo a nossa lista de prioridades a observar na hora de elaborar o projeto de arquitetura e a sua relação com os projetos de especialidade