08/06/2010

Casa ecológica - os arquitectos e o pátio saguão


Pátio saguão do arquitecto Gaudi - Barcelona - Edifício La Pedrera
Desde algum tempo que assisto à degradação daquilo que considero ser um instrumento fundamental para a eficiência energética da casa ecológica: o pátio saguão.

O patio saguão é no fundo um pátio só que extremamente estreito e alto. Esta forma viajou no tempo e acompanhou as construçãoes dos países do sul da Europa desde que existem construções.
tem a particularidade de ser extremamente útil para os arquitectos e para o desenvolvimento de uma casa ecológica.
Uma vez que contem preticamente sodo o seu interior em sombra, o saguão permite funcionar não só como ventilação dos espaços de um edifício, mas como canal que abasteçe toda a construção com ar frio arrefecido pela sombra. Os arquitectos podem assim abandonar a climatização para arrefecimento e ter casas ecológicas com arrefecimento natural.
Mas porque desapareceu?
Na realidade desapareceu porque a partir do pós-guerra os arquitectos e os delegados de saúde pensavam que o problema da pobreza se resolvia com edifícios sem saguão e consideravam que estes espaços eram sujos porque os viam sempre nos edifícios pobres dos centros das cidades.
Infelizmente a pobreza não desapareceu e a verdade é que fizeram-se edifícios sem saguão porque os regulamentos deixaram de o permitir. O resultado é desastroso com o emprego absurdo de ares condicionados onde antes um saguão bastaria para arrefecer um edifício.
Hoje, nós arquitectos, para o utilizarmos temos que ter janelas para outras frentes, no entanto o custo de realizar pátios interiores em saguão é bastante mais baixo que o gasto em climatização.
Ao mesmo tempo, as caixas de escadas dos nossos prédios podem ter a mesma função desde que bem ventiladas na parte superior e forneçam o ar aos apartamentos em caudal suficiente.
Numa altura em que só ouço falar de tecnologia para resolver problemas ecológicos é bom lembrar que existem alternativas bem mais ecológicas ao consumo de equipamentos, mesmo que estes tenham gastos mais baixos que anteriormente.
Convém assim que os arquitectos e os cidadão em geral compreendam que o passado nos dá grandes lições de sustentabilidade.
Porque a arquitectura sustentável, no fundo, pode estar bem em frente do nosso nariz...