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31/07/2012

Reabilitação das Aldeias do Xisto - Cerdeira

Reabilitação de aldeia em xisto - Cerdeira

Creio ser altura de falar de alguns extraordinários exemplos de reabilitação de aldeias em Portugal. A aldeia de xisto de Cerdeira é um desses exemplos. Esta pequena aldeia da serra da Lousã viu a população desaparecer no final do século passado. Muito poucos resistiram. Esses poucos iniciaram a reabilitação da aldeia com enorme empenho e esforço pessoal sendo um exemplo de preserverança para as aldeias semelhantes.
De facto a aldeia esta constructivamente bastante bem recuperada e valorizada de modo autêntico.
Mas algo torna esta aldeia ainda mais particular. Para além de um considerável investimento particular e de uma enorme qualidade nos pavimentos exteriores creio que a criação de uma pequena oficina artesanal de Kerstin Thomas e a promoção de eventos relacionados com o artesanato, o design, a música e a arte em geral torna esta aldeia absolutamente única.
Na realidade a reabilitação de uma aldeia ou a recuperação de casas e do património não pode apenas passar pelos edifícios, e Cerdeira mostra-o bem com a introdução de cultura e arte erudita no ambiente rural.
Cerdeira renovou o xisto mas renovou sobretudo mentalidades!





Aldeia do xisto
Aldeia de Xisto de Cerdeira



Recuperação de casas
Cerdeira - Casa a reabilitar
Reabilitação de aldeia
Casa recuperada de xisto




reabilitação de casas
Cerdeira - arquitectura popular


reabilitação de casa
cerdeira - primeira casa a ser reabilitada

31/03/2012

Arquitectos e a Natureza

Arquitectos e Natureza : o recuperar de uma ligação perdida
Creio que poderemos reflectir um pouco mais sobrea relação da arquitectura com a Natureza. Ultimamente temos debatido no atelier de arquitectos onde trabalho a forma como aproveitamos os recursos naturais que temos no modo de fazer arquitectura e como temos de recuperar o atraso relativamente aos magníficos exemplos da arquitectura popular ou arquitectura tradicional portuguesa.

Recuperação do Exemplo da arquitectura tradicional ou popular de Monsanto
Monsanto é exemplo perfeito do modo como os arquitectos deverão relacionar a arquitectura com a Natureza. Nenhuma operação de alteração da topografia foi necessária, as edificações aproveitam as rochas existentes para construir parte da estrutura ou fundações, a estrutura e acabamentos é totalmente produzida a partir de materiais locais ( carvalho nas madeiras, granito nas paredes, cerâmica nas telhas, tecidos de lã de ovelha).
Existirá melhor exemplo de reciclagem ou aproveitamento de recursos naturais existentes? Não deveremos nós recuperar ou reabilitar estes exemplos. Quantos exemplos semelhantes a estes existirão a precisar de reabilitação e recuperação?
Deixo-vos então as imagens de Monsanto...
Monsanto - Arquitectos amigos da Natureza

Monsanto - Arquitectura tradicional ou arquitectura popular

Arquitectos populares amigos do ambiente em Monsanto

27/07/2011

Arquitecto e reabilitação de edifícios de arquitectura popular











Arquitecto e e reabilitação de edifícios de Arquitectura Popular

A Reabilitação de edifícios de arquitectura popular por parte dos arquitectos não se deverá limitar a aspectos materiais e estruturais. Deveremos também promover a recuperação de práticas sistémicas nas quais o edifício estava integrado.
Desde algum tempo que me interrogo sobre como deverão ser executadas as recuperações para que possam ter um carácter mais abrangente. Tomemos como exemplo as casas de arquitectura Popular do Minho, presentes nas fotografias em cima e tão bem descritas no Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa. Este é um exemplo que conheço bem até porque no nosso gabinete de arquitectos fizemos uma recuperação de uma casa antiga no Minho.
A arquitectura do Minho possui a característica singular de colocar o piso térreo com pilares para fazer o acesso dos animais ao espaço denominado de 'loja' (do latim logia). As zonas habitáveis possuem sempre uma escada mais ou menos nobre que nos leva para o piso superior.
Ora, o que é isto senão a prática de uma arquitectura com forte sustentabilidade energética?
Na realidade, os animais proporcionam o aquecimento que sobe por convecção para o piso superior através das estruturas de madeira constituindo um autêntico piso radiante!
Isto fez-me pensar nos desperdícios que efectuamos nas construções modernas ao não aproveitar o calor produzido pelas instalações mecânicas ou electrodomésticos para aquecimento das nossas habitações. Isto porque se o colocarmos numa espécie de piso técnico teremos sempre esta energia disponível. Quando não precisarmos podemos sempre ventilar esse mesmo espaço e dissipar a energia.
No fundo alerto para o facto de a arquitectura popular e os seus edifícios antigos proporcionarem uma enorme fonte de inspiração para a arquitectura sustentável e nós como arquitectos devemos recuperar estes princípios e adapatar os conceitos à sociedade que temos hoje!
No fundo, a arquitectura sustentável foi desde sempre, e salvo apenas recentes períodos de inconsciência,  uma necessidade e não uma opção!

14/09/2008

Tecer Arquitectura

Em contraponto à "arquitectura uterina", que escava a natureza, desenvolvendo formas através da subtracção de elementos, temos outro tipo de construção, assente na adição de elementos.


Teppe índio

O elemento vertical é o ponto central das primitivas construções, sendo suporte de toda uma estrutura que constituirá o abrigo. Sobre este suporte aparece a “pele” da habitação, seja ela em couro de animais ou tecida em palha/finos troncos de madeira, por vezes recorrendo a argamassas na sua junção. É habitural a ornamentação, quer por meio de pinturas quer pela própria foama de "tecer" a palha.
Nessa pele, o elemento “protector” do abrigo, ressurge o carácter feminino da construção, contraposto à estrutura imóvel e rígida (elemento masculino).


Cabanas antigas de estrutura de madeira com membrana exterior de palha


Abrigos com revestimento em palha e terra

Na sua análise da habitação primitiva Semper dividia-a em quatro elementos essenciais: “ o lugar do fogo”, o embasamento, a estrutura e a membrana de protecção.
Esta divisão é claramente ligada a uma visão etnográfica da construção.
O abrigo inicial é descrito como a constituição de um micro-mundo e a sua interpretação está notoriamente ligada à visão cosmológica dos seus construtores.


Hoje as ideias que estão na base do desenvolvimento de um edifício não reunem por certo a visão cosmológica do seu arquitecto.
Ainda assim o conceito "Pele" é usado, mantendo o seu carácter de protecção e ornamento.





Guys Hospital - Uma membran metálica forma "tece" a fachada do Edifício.


Uma boa maneira de repensar a arquitectura sob um ponto de vista sustentável partirá certamente pela análise dos modelos antigos de "pele" e pela aplicação de lógicas semelhantes nas actuais arquitecturas.

25/05/2008

Arquitectura de Gelo

Uma forma de construção que não prejudica o ambiente é aquela que recorre unica e exclusivamente a materiais existentes no lugar.

Exemplo extremo e óbvio disso são os Iglos. Estas construções caricatas da paisagem gelada do nórdico fundem-se inteiramente no horizonte, quase sendo difíceis de distinguir.



São abrigos também associados ao nomadismo, sendo fácil e rapidamente construídos e posteriormente abandonados (numa digressão de caça, por exemplo).
Existem também os chamados "Iglos de Pedra", os cortelhos que no abrigavam os pastores quando pernoitavam na serra do Marão.



30/03/2008

Arquitectura Uterina

Na raiz, existem duas formas antagónicas de pensar a arquitectura tradicional: adicionando ou subtraindo elementos.

A primeira, tem uma génese masculina, tendo nascido com o primeiro menir erguido sobre a face da terra e desenvolvendo-se até aos modernos arranha-céus dos dias de hoje. Existem muitas detectadas por arqueólogos, historiadores e arquitectos em Portugal.


A segunda tem uma génese feminina, tendo nascido com as primeiras cavernas habitadas. Rapidamente a caverna natural terá dado origem à caverna construída, criando por todo o mundo exemplos fenomenais desta forma uterina de criar arquitectura.


Exemplo de arquitectura troglodita na Capadócia, Turquia.

Exemplo de arquitectura troglodita, próximo de Beijing, na China.


Cidade perdida de Petra, na Jordânia.


Igrejas em Lalibela, na Etiópia.

Esta forma de pensar a arquitectura é obviamente ecológica.
Mais que aproveitar os materiais da terra, ela é a própria terra.