30/03/2008

Arquitectura Uterina

Na raiz, existem duas formas antagónicas de pensar a arquitectura tradicional: adicionando ou subtraindo elementos.

A primeira, tem uma génese masculina, tendo nascido com o primeiro menir erguido sobre a face da terra e desenvolvendo-se até aos modernos arranha-céus dos dias de hoje. Existem muitas detectadas por arqueólogos, historiadores e arquitectos em Portugal.


A segunda tem uma génese feminina, tendo nascido com as primeiras cavernas habitadas. Rapidamente a caverna natural terá dado origem à caverna construída, criando por todo o mundo exemplos fenomenais desta forma uterina de criar arquitectura.


Exemplo de arquitectura troglodita na Capadócia, Turquia.

Exemplo de arquitectura troglodita, próximo de Beijing, na China.


Cidade perdida de Petra, na Jordânia.


Igrejas em Lalibela, na Etiópia.

Esta forma de pensar a arquitectura é obviamente ecológica.
Mais que aproveitar os materiais da terra, ela é a própria terra.

22/03/2008

Como construir uma casa ecológica






Moradia ecológica em Provesende - Sabrosa - Douro

Os bons exemplos de arquitectura sustentável moderna surgiram em Portugal só muito recentemente. Vamos ver um exemplo que é elucidativo de muitos dos aspectos que falamos anteriormente.
Concebida enquadrando várias questões está casa em Provesende, Vila Real foi desenvolvida pela Utopia - Arquitectura e Engenharia lda em 2005, finalizada em 2006, tendo-se rapidamente transformado numa referência para todos aqueles que possuem preocupações ambientais.
(ver http://www.utopia-projectos.com/)

A arquitectura
Do ponto de vista arquitectónico respeita e homenageia a tradição de construção em socalcos tão ameaçada pela incúria, pequenos interesses ou simplesmente por processos recentes de reconversão das vinhas. Trata-se de uma moradia do tipo T3 com 120m2. A construção está encaixada na encosta e mimetiza exteriormente os extraordinários socalcos do Douro.
A casa possui dois pátios permitindo a entrada de luz e o usufruto em sombra dos espaços exteriores.
A economia de custos
Do ponto de vista financeiro os custos foram reduzidos, sendo para tal utilizada a mão-de-obra local tradicional e assim reduzidos os custos de transporte de pessoas e bens

A poupança energética
Do ponto de vista energético é aproveitados o contacto com a terra de modo a melhorar o desempenho térmico do edifício. Foram também concebidos vãos pequenos virados para sul (Rio Douro) e envidraçados para os pátios e para Norte reduzindo assim o aumento exagerado de temperatura no Verão. Não foi necessário aplicar quaisquer equipamentos de aquecimento ou arrefecimento dada a baixa amplitude térmica da casa.

A consciência ambiental
Do ponto de vista ambiental é reposta uma técnica secular de construção. Assim, as paredes exteriores e os pavimentos são em xisto extraídos do próprio local de implantação. A cobertura em terra vegetal diminui o impacto térmico e paisagístico no meio envolvente.

21/03/2008

Princípios básicos para uma arquitectura ecológica

Uma arquitectura ecológica em Portugal assenta vários factores, que nem sempre se encontram facilmente em perfeita harmonia:

1- a utilização de materiais que representem o mínimo de danos ao ecossistema envolvente.
2- um processo construtivo que seja amigo do ambiente
3- edifícios que possuam um baixo consumo energético
4- edifícios que alterem o mínimo possível o ambiente exterior.

Quanto ao primeiro ponto. é muito importante a utilização de materiais locais e de preferência naturais. Ao serem locais, não introduzem alterações no ecossistema envolvente e não necessitamos de custos energéticos em transporte. Ao serem naturais não só mantemos as características daquilo que nos rodeia como gastamos menos energia a transformá-los.

Quanto ao segundo ponto, um processo construtivo amigo do ambiente é aquele em que danificamos menos o ambiente com o decorrer da construção. Ou seja, consumimos menos electricidade, menos combustíveis fósseis, efectuamos menos transporte de pessoas e material, utilizamos mais energias renováveis, não contaminamos o solo, produzimos menos ruído e somos mais rápidos.

Quanto ao terceiro ponto, para consumirmos menos energia precisamos de desenhar edifícios de modo a que estes possuam menor amplitude térmica com o mínimo de recurso a equipamentos. Isto é proteger os vãos a nascente e poente com palas verticais, a Sul com palas horizontais e só colocar envidraçados virados a Norte. Um bom isolamento térmico permitirá fazer o resto.

Quanto ao quarto e último ponto, trata-se de criar soluções que não alterem a temperatura, o tipo de vegetação, a paisagem, a drenagem natural dos solos e o normal fluir de todos os seres vivos que formam o ecossistema envolvente. Isto é ao utilizarmos soluções com áreas de implantação reduzidas, pavimentos drenantes, espécies locais, materiais pertencentes à paisagem natural envolvente e evitarmos ao máximo superfícies reflectantes e materiais estranhos ao lugar, estaremos a contribuir para a manutenção dos ecossistemas.

Veremos mais à frente exemplos práticos da aplicação destes princípios.

16/03/2008

Plantando um blog


Este espaço foi plantado com o objectivo de mostrar como a arquitectura pode ajudar na conservação do nosso planeta.