27/07/2011

Arquitecto e reabilitação de edifícios de arquitectura popular











Arquitecto e e reabilitação de edifícios de Arquitectura Popular

A Reabilitação de edifícios de arquitectura popular por parte dos arquitectos não se deverá limitar a aspectos materiais e estruturais. Deveremos também promover a recuperação de práticas sistémicas nas quais o edifício estava integrado.
Desde algum tempo que me interrogo sobre como deverão ser executadas as recuperações para que possam ter um carácter mais abrangente. Tomemos como exemplo as casas de arquitectura Popular do Minho, presentes nas fotografias em cima e tão bem descritas no Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa. Este é um exemplo que conheço bem até porque no nosso gabinete de arquitectos fizemos uma recuperação de uma casa antiga no Minho.
A arquitectura do Minho possui a característica singular de colocar o piso térreo com pilares para fazer o acesso dos animais ao espaço denominado de 'loja' (do latim logia). As zonas habitáveis possuem sempre uma escada mais ou menos nobre que nos leva para o piso superior.
Ora, o que é isto senão a prática de uma arquitectura com forte sustentabilidade energética?
Na realidade, os animais proporcionam o aquecimento que sobe por convecção para o piso superior através das estruturas de madeira constituindo um autêntico piso radiante!
Isto fez-me pensar nos desperdícios que efectuamos nas construções modernas ao não aproveitar o calor produzido pelas instalações mecânicas ou electrodomésticos para aquecimento das nossas habitações. Isto porque se o colocarmos numa espécie de piso técnico teremos sempre esta energia disponível. Quando não precisarmos podemos sempre ventilar esse mesmo espaço e dissipar a energia.
No fundo alerto para o facto de a arquitectura popular e os seus edifícios antigos proporcionarem uma enorme fonte de inspiração para a arquitectura sustentável e nós como arquitectos devemos recuperar estes princípios e adapatar os conceitos à sociedade que temos hoje!
No fundo, a arquitectura sustentável foi desde sempre, e salvo apenas recentes períodos de inconsciência,  uma necessidade e não uma opção!