A natureza no espaço construído
A História da arquitetura moderna do século XX foi profundamente marcada por uma busca contínua de uma relação com a natureza mais clara. A arquitectura tentou abrir-se ao sol e à natureza, criando janelas horizontais, estruturas porticadas leves no rés do chão, etc... O betão armado foi fundamental para permitir este objectivo.
Contudo, pouco se fala do facto de se ter procurado também integrar o jardim dentro da casa. Ora esse processo teria sido impossível sem as plantas de sombra e sem uma em particular: o filodendro.
O filodendro
Esta planta é absolutamente extraordinária, mesmo dentro da familia das espécies indicadas para zonas sombreadas. É de uma resistência inigualável em zonas pouco iluminadas e se o sol for muito incidente as suas folhas chegam mesmo a ficar amarelas. Imensas espécies pertencem a esta família, umas trepam, outras não, umas têm a folha reticulada, outras uniforme, algumas sobem a três metros, outras são praticamente rasteiras para vasos, mas todas partilham estas características resilientes.
O jardim interior dentro de casa
No século XIX foi muito comum o aparecimento de estufas, invernadeiros ou também chamados de jardins de inverno. Mas estas estruturas obrigam a um controlo de temperatura e humidade e não permitiam um conforto suficiente para serem habitadas em permanência.
Ora, o filodendro serviu precisamente este propósito pois trata-se de uma planta que sem muitos cuidados adapta-se perfeitamente ao ambiente de uma sala ou corredor, quer ao nível de humidade, da temperatura e da radiação solar. Finalmente podíamos ter um jardim dentro de casa!
O papel do filodendro na arquitectura moderna
E muitos arquitectos das vanguardas modernistas aproveitaram estas características do filodendro, desde Corbusier, Aalto, Neutra entre outros. A casa não só se abria ao exterior, mas também deixava-se invadir pela natureza no seu interior. O filodendro trazido inicialmente para as estufas, depois pelos pintores como Matisse, ou Gauguin, entrava agora nas casas burguesas pela mão dos arquitectos.
A importancia do filodendro na história da arte
Recentemente o Wolfsonian em Miami apresentou uma exposição denominada
Philodendron com curadoria de Christian Larsen. O seu subtítulo Do Exótico Pan-Latino ao Americano Moderno, mostra a vontade de ilustrar a importância de pintores, arquitectos e designers na divulgação das propriedades desta floresta dentro de casa.
Filodendro |
Ray & Charles Eames - Interior de Pacific Pallisades |
Richard Neutra - Casa Josef Von Sterberg |
Le Corbusier - Unidade de Habitação em Marselha |
Henri Matisse - Interior com folhas - 1935 |
Roberto Burle Marx - Natureza morta com philodendron I - 1943 |