28/12/2023

Edifícios NZEB

O que são edifícios NZEB?

NZEB significa Edifícios de Energia Quase Nula (em inglês, Nearly Zero Energy Buildings). Esses edifícios são projetados e construídos de maneira a terem um consumo de energia muito baixo, próximo de zero, através da combinação de eficiência energética e uso de energia renovável.
Os NZEB são uma resposta às preocupações ambientais e à necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Eles incorporam tecnologias e estratégias de projeto que visam minimizar a demanda de energia e maximizar a produção de energia a partir de fontes renováveis.


Projeto de edifício NZEB em Madeira

Quais as características dos edifícios NZEB?

Algumas características comuns dos NZEB incluem:

1 - Isolamento eficiente: Isolamento térmico de alta qualidade para reduzir a perda de calor no inverno e o ganho de calor no verão.

2 - Sistemas de ventilação eficientes: Sistemas de ventilação controlada que recuperam o calor do ar exaurido para aquecer o ar fresco de entrada.

3 - Tecnologias de iluminação eficiente: Uso de iluminação LED e sistemas de controle para otimizar o consumo de energia.

4 - Sistemas de energia renovável: Integração de fontes de energia renovável, como painéis solares fotovoltaicos ou sistemas de aquecimento solar, para gerar eletricidade ou calor.

5 - Gestão de energia: Utilização de sistemas de gestão de energia para otimizar o consumo de energia e garantir um uso eficiente.


Imagem virtual de casa NZEB em Portugal


Quais as vantagens dos edifícios NZEB?

Os edifícios NZEB não apenas reduzem os custos operacionais a longo prazo, mas também ajudam a mitigar os impactos ambientais associados ao consumo de energia. O conceito de NZEB está a  tornar-se cada vez mais importante à medida que as preocupações com a sustentabilidade e a eficiência energética ganham destaque na indústria da construção.


Quais os melhores arquitetos para desenhar edifícios NZEB?

Os arquitetos da Utopia são especialistas em edifícios NZEB em Portugal com um vasto portfolio de obras construídas.

Quais as desvantagens dos edifícios NZEB?

Embora os edifícios NZEB (Edifícios de Energia Quase Nula) sejam projetados para serem altamente eficientes e sustentáveis, ainda podem enfrentar alguns desafios e problemas. Aqui estão alguns dos problemas associados a esses edifícios:

1- Custo Inicial Elevado: A implementação de tecnologias avançadas de eficiência energética e sistemas de energia renovável pode aumentar significativamente os custos iniciais de construção. Isso pode ser um obstáculo para alguns proprietários ou desenvolvedores, apesar dos benefícios a longo prazo.

2- Manutenção Complexa: Sistemas avançados, como aqueles que envolvem energia renovável, podem exigir manutenção especializada e regular. Se esses sistemas não forem mantidos adequadamente, sua eficiência pode diminuir ao longo do tempo.

3- Adaptação às Condições Locais: O desempenho dos edifícios NZEB pode depender das condições climáticas e geográficas locais. Projetar edifícios eficientes para diferentes climas e regiões pode ser desafiador.

4- Integração de Tecnologias: Integrar várias tecnologias, como sistemas de aquecimento solar, painéis fotovoltaicos e sistemas de gerenciamento de energia, pode ser complexo. A integração inadequada pode levar a problemas de desempenho.

5- Aceitação do Mercado: Em alguns casos, pode haver uma relutância no mercado imobiliário em aceitar edifícios NZEB devido aos custos iniciais mais elevados ou à falta de compreensão sobre os benefícios a longo prazo.

6- Necessidade de Educação e Treino: Pessoal de operação e manutenção pode precisar de ensino especializado para lidar com as características específicas dos edifícios NZEB.

7- Disponibilidade de Tecnologias Avançadas: Em algumas áreas, pode haver falta de acesso a tecnologias avançadas de eficiência energética ou energia renovável, o que pode dificultar a implementação eficaz de edifícios NZEB.

8- Dificuldades de Retroajuste: Adaptar edifícios existentes para atender aos padrões NZEB pode ser desafiador e caro. Muitas vezes, é mais eficaz incorporar esses princípios desde a fase inicial do projeto.

É importante notar que muitos desses problemas estão a ser abordados à medida que a tecnologia avança, e a conscientização sobre a importância da construção sustentável continua a crescer. A superação desses desafios é crucial para promover a adoção generalizada de edifícios de energia quase zero.

Porque é que os edifícios NZEB são o futuro?

Os edifícios NZEB (Edifícios de Energia Quase Nula) são considerados o futuro da construção por várias razões, refletindo uma mudança crescente para práticas mais sustentáveis e eficientes em termos de energia na indústria da construção. Aqui estão algumas razões pelas quais esses edifícios são vistos como uma parte importante do futuro:

1- Sustentabilidade Ambiental: Os edifícios NZEB são projetados para reduzir significativamente o consumo de energia e, muitas vezes, incorporam fontes de energia renovável. Isso contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e ajuda na mitigação das mudanças climáticas.

2 - Economia de Energia a Longo Prazo: Embora os custos iniciais possam ser mais elevados, os edifícios NZEB geralmente resultam em economias significativas nos custos operacionais de energia ao longo do tempo. Isso é especialmente importante, considerando o aumento dos preços da energia e a volatilidade dos recursos não renováveis.

3- Regulamentação e Incentivos: Muitas regiões e países estão a implementar regulamentações mais rigorosas em relação à eficiência energética dos edifícios. Além disso, incentivos fiscais e subsídios estão a ser oferecidos para promover a construção de edifícios sustentáveis.

4- Conscientização Ambiental: À medida que a conscientização ambiental cresce, há uma demanda crescente por edifícios que minimizem seu impacto no meio ambiente. Os consumidores, empresas e governos estão cada vez mais interessados em escolhas sustentáveis, incluindo edifícios com baixo consumo de energia.

5-Avanços Tecnológicos: O rápido avanço da tecnologia, especialmente nas áreas de eficiência energética, armazenamento de energia e energia renovável, torna mais prático e acessível integrar essas soluções em projetos de construção.

6-Valor de Mercado e Reputação: Edifícios sustentáveis muitas vezes têm um valor de mercado mais alto e podem atrair inquilinos e compradores conscientes da sustentabilidade. Empresas e organizações estão a perceber que adotar práticas sustentáveis pode melhorar sua reputação e atrair talentos comprometidos com a responsabilidade ambiental.

7- Resiliência a Choques Energéticos: A dependência de fontes de energia convencionais pode tornar os edifícios vulneráveis a choques no fornecimento de energia ou flutuações nos preços dos combustíveis. Os edifícios NZEB, ao dependerem mais de fontes renováveis e eficiência energética, são mais resilientes a tais perturbações.

Portanto, a tendência é que os edifícios NZEB se tornem cada vez mais comuns e uma parte fundamental do setor de construção à medida que a sociedade global se move em direção a práticas mais sustentáveis e eficientes em termos de energia.

07/09/2022

Construção Sustentável - O que é? Como fazer?

 

Hoje as alterações climáticas são já um tema de amplo consenso. A forma como utilizamos os recursos naturais é objeto de um outro grau de escrutínio. Para responder a este problema, arquitetos de todo o mundo começaram a identificar todos os processos construtivos que garantiam um baixa pegada ecológica. Nascia assim a construção sustentável.

 

Porue precisamos de uma construção sustentável?

 Segundo a OCDE , Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, mais de 40% do consumo energético dos países resulta da utilização dos edifícios. Se queremos mesmo alterar o caminho que nos levou às alterações climáticas, precisamos de uma construção sustentável.


O que é a construção sustentável?

Chama-se construção sustentável a todos os sistemas construtivos ou soluções para a construção de edifícios que permitem um baixo consumo de recursos energéticos e um baixo impacto no meio ambiente.

Para selecionarmos um processo construtivo sustentável temos de procurar as seguintes características no seu desenvolvimento:

- A construção tem de ser necessária para um fim útil ao meio ambiente

- Os recursos energéticos a implementar deverão ser mínimos

- Os impactos gerados pelos materiais e processos no ambiente têm de ser reduzidos


Como posso saber se uma construção é sustentável?

Para avaliarmos se uma construção é amiga do ambiente temos de analisar os seguintes momentos: conceção, construção, utilização e manutenção e por fim no desmantelamento do edifício.

Durante a concepção são empregues recursos energéticos para estudar, analisar e determinar todos os processos de construção. Ao mesmo tempo são utilizados recursos energéticos crescentes para licenciar os projetos junto de todas as entidades públicas. Há um longo caminho a fazer para poupar recursos neste ambito.

No decorrer da construção são usados materiais que consumiram recursos na sua produção, no seu transporte e na sua instalação. Reduzir gastos energéticos ou impactos nocivos ao ambiente em qualquer destes momentos é essencial.

Ao longo da vida de um edifício utilizamos recursos na utilização e manutenção das construções. Projetar tendo em conta os modos mais eficientes de utilizar os edifícios e os manter é essencial. Ao mesmo tempo precisamos de introduzir na sociedade o conceito de uso responsável.

Um aspeto frequentemente esquecido é o desmantelamento de edifícios ou parte destes. O desmantelar de edifícios consome elevados recursos energéticos frequentemente. Ao mesmo tempo é também comum encontrarmos materiais cuja degradação é nociva para o ambiente.


Como então fazer as construções mais sustentáveis?

Não existe uma receita simples para tornar todas as construções sustentáveis. O que sabemos é que há um conjunto de processos que se enquadram na redução de gastos energéticos e menores emissões de gases com efeito de estufa.

Podemos listar alguns destes processos aqui:

- Reciclar, reutilizar e recuperar edifícios 

Este é um dos caminhos mais simples. Por vezes com pequenas alterações ou mesmo só mudando a utilização podemos ter um edifício disponível. É como se eliminássemos imediatamente os custos de construção e de

- Utilizar materiais biodegradáveis

Utilizar materiais naturais como a madeira que é biodegradável é um modo eficaz de reduzir os custos com o desmantelamento de edifícios

- Uso responsável

Utilizadores de edifícios responsáveis sobem a temperatura maxima dos edifícios no verão e reduzem no inverno. Geram também menos consumos durante a tulização do edifício e poupam nos gastos de manutenção.

- Soluções duráveis

Existem soluções construtivas que duraram milénios. É conveniente não as desperdiçar hoje pois podem ser aproveitadas. Os custos com a manutenção baixam para valores insignificantes.

- Sistemas passivos

Uma casa passiva produz um edifício com consumo quase nulo de energia. A sua implementação é essencial nas construções novas ( Near Zero Energy Building NZEB) 

- Técnicas e materiais locais

Segundo a OCDE o transporte está a par com os edifícios enqunto consumo energético. Se reduzirmos os transportes de materiais e equipamentos temos não só a salvaguarda de culturas como impactos reduzidos no ambiente.

- Tecnologia para reduzir consumo de água

A implementação de controlos de gastos de água pode reduzir mais de 30% o consumo dos edifícios. Torneiras adaptadas, circuitos duplos ou reutilização de água da chuva são alguns exemplos desta estratégia.  


A construção Sustentável é cara?

Não. Quando comparada com a construção tradicional, e segundo a própria OCDE, os edifícios NZEB são mais caros inicialmente mas a médio prazo tornam-se mais económicos. Estima-se que em 15 anos o investimento inicial em eficiência e fontes de energia renováveis está totalmente recuperado.

Ainda vamos a tempo!


02/11/2021

Ecologia e Domótica

O que é a Domótica?

A domótica é simplesmente o campo de saber que agrega todas as tecnologias de gestão dos automatismos de uma casa. No fundo é o sistema que gere os equipamentos presentes na nossa habitação e os torna automáticos de algum modo.

O que é uma casa inteligente?

A automação residencial, classifica-se enquanto o conjunto de tecnologias que visam a automação de residências, buscando não só o conforto das pessoas que as habitam, como também a otimização da referida gestão energética, o aumento da segurança, e a conquista de comunicações mais eficientes.
O desenvolvimento da domótica tem sido constante, principalmente nos últimos anos, graças em grande parte ao surgimento de tecnologias como a Internet das Coisas ("Internet of things" IoT), pois tem fornecido a muitos dispositivos e sensores a capacidade de se comunicarem entre si e com o usuário. Desta modo, qualquer pessoa já está em condições de operar os diferentes aparelhos elétricos desde o seu telefone móvel, independentemente de onde estiver localizada.
No fundo, as casas quando se tornam automáticas, nós dizemos que estamos em presença de uma casa inteligente.

A domótica pode contribuir para mitigar as alterações climáticas?

A verdade é que sim.  De facto, um termostato inteligente tem influências nas mudanças climáticas.
A  automação residencial e a transição ecológica caminham juntas. Em última análise, a capacidade de converter as nossas casas em casas com eficiência energética terá um impacto positivo no meio ambiente, pois a poluição diminuirá.

Vantagens das casas inteligentes no meio ambiente

A tendência é que os sistemas de controle e automação continuem a colonizar as residências em todo o mundo, transformando-as em verdadeiras casas inteligentes. O resultado será um uso mais racional e eficiente da energia usada para ar condicionado no verão e no inverno, o que por sua vez levará a menos desperdício e, portanto, uma diminuição da poluição. Se a isso se soma o uso crescente de fontes renováveis ​​de energia, parece claro qual é o caminho que deve ser trilhado para enfrentar as mudanças climáticas em que estamos imersos.
As tecnologias incorporadas nas casas inteligentes não só ajudarão a controlar o aquecimento e o ar condicionado de maneira mais eficiente, graças aos termostatos inteligentes mencionados, mas irão mais além: 

- as janelas sabem quanta luz vão deixar passar dependendo do interior e do exterior 

- há sensores que aumentam ou diminuem as persianas em função das necessidades do habitante e da luz necessária; 

- é usada a água quente realmente necessária, por exemplo, atingindo a temperatura certa na hora do banho (não desperdiçando litros e litros esperando que ela aqueça o suficiente)

- os aparelhos elétricos são colocados em funcionamento aproveitando os momentos do dia em que a conta de luz é mais baixa

- enfim, uma longa lista de benefícios para o ambiente.

Poderão as cidades inteligentes ser ecológicas?

A domótica presente numa casa inteligente através da automação residencial é portanto um pilar fundamental para tornar as nossas habitações e cidades mais sustentáveis. E é justamente essa sustentabilidade, aliada à eficiência, que possibilitará a casa do futuro, ecológica e capaz de reduzir as emissões de CO2. Uma casa com ótimos padrões de eficiência pode ter um consumo de energia 80% inferior ao das casas tradicionais, alcançando também uma redução de 40% no consumo de água. Isto são valor que multiplicados pelo número de agregados familiares produzirão um enorme efeito a nível global.

A domótica e a eficiência energética

Neste momento as directivas para a eficiencia e
nergética
que observamos no atelier de arquitectura Utopia já incluem a introdução da domótica enquanto estratégia para reduzir os consumos de energia.


Casa Passiva com sistema de domótica- Utopia Arquitectos

No fundo a ecologia será cada vez mais digital, e ultrapassados todos os riscos que ainda existem ao nível da segurança de sistemas informáticos, as casas poderão mesmo trabalhar em rede umas com as outras, tentando ajustar os picos de consumo energético com a rede fornecedora. A casa poderá assim alertar o utilizador para melhorar determinados comportamentos, uma vez que tudo pode ficar calculado. Existe assim todo um manancial de possibilidades em que todos poderemos contribuir. 


28/12/2020

Uma horta dentro de casa

Sim é possível ter uma horta dentro de casa mesmo que nunca se tenha dado a grande trabalho. Não será certamente por motivo económico, mas antes por puro prazer. É perfeitamente possível cultivar ervas aromáticas ou legumes como alfaces ou tomates. Pode de facto ter o seu "hortim" ( horta com jardim) sem grandes custos ou esforço.

E pode fazer em qualquer espaço, até num apartamento. Varandas ou peitoris de janelas são aquilo que precisa. Caso tenha um jardim ou quintal aí os limites são nulos.

Fica aqui uma lista das plantas disponíveis mais facilmente e quais os cuidados a ter conforme o local da casa. 



Varandas, terraços e jardins

Caso tenha espaço ao ar livre escolha as espécies que apreciam o sol:

.pepinos

-tomates

-morangos

-courgettes 

Caso tenha zonas mais sombreadas prefira estas plantas:

-alfaces

-acelgas

-rabanetes

-alho-francês


Época ideal para começar a plantar em casa

Aqui é preciso ter mais cuidado. Se falamos de alfaces pode ser todo o ano, outras como as courgettes tem de ser na primavera.


As janelas e as plantas

Para aqueles que só têm janelas as hipóteses de plantar não desaparecem, bem pelo contrário, são imensas. Estas preferem terra:

-salsa

-coentros

Estas ervas aromáticas são a melhor opção pois crescem em água. É assim facílimo plantar em pequenos vasos com água estas espécies: 

-menta

-oregãos

-salvia

-stevia

-verbena

-estragão

-tomilho 

-manjericão


Sim, agora não há desculpas! Todos podem ter um jardim de inverno. Toca a plantar e desfrutar de um ambiente melhor dentro de casa!

22/04/2020

A arquitectura saudável - Ventilação passiva

Toda a arquitetura sustentável é pela sua própria natureza saudável. Contudo podemos distinguir aspetos os estratégias que permitem gerar um ambiente mais higiénico e consequentemente reduzir a probabilidade de ocorrência de doenças ou epidemias.


A qualidade do Ar
Nestes tempos de pandemia de covid 19 é mais importante do que nunca falar dos sistemas que permitem a baixo custo melhorar a qualidade do ar interior de uma casa ou edifício. O principal elemento é sem dúvida a renovação do ar que permite a eliminação de partículas nocivas ou tóxicas no interior da habitação.

A ventilação passiva
A ventilação pode ser efetuada sem recurso a equipamentos mecânicos. Neste caso não tem gastos energéticos e é portanto mais amiga do ambiente. Ao mesmo tempo não há condutas, filtros ou elementos adicionais para limpar, reduzindo-se assim a possibilidade de ocorrência de doenças como a legionella ou alergias de ácaros. A ventilação passiva é assim o sistema mais saudável e sustentável que a arquitectura tem ao nosso dispor. Um dos sistemas de ventilação passiva mais eficazes e fáceis de implementar é a ventilação transversal.

A convecção 
A convecção é o processo físico que a arquitetura sustentável usa para fazer a ventilação passiva  transversal. O ar é constituído por moléculas de diferentes tipos. As mais pesadas descem por gravidade e as mais leves sobem. O ar quente tem moléculas em movimento e consequentemente ocupam mais espaço. se ocupam mais espaço são obviamente menos densas e portanto mais leves. Se são mais leves sobem. Isto é o fenómeno de convecção.

A ventilação transversal
Quando temos duas fachadas disponíveis num edifício, temos exposições solares distintas. Como tal, as temperaturas exteriores das fachadas vão ser diferentes. Assim, o arque está junto a estas fachas tem também temperaturas distintas. Torna-se assim claro o fenómeno que é popularmente conhecido como corrente de ar. Ele ocorre porque duas janelas abertas em fachadas distintas fazem com que massas de ar quente e ar frio se desloquem de modo a ocupar as posições de acordo com a sua densidade. Ou seja, movimentam-se de acordo com o princípio da convecção. Ora este é um processo extraordinariamente eficaz para efectuar a renovação do ar.

Ventilação transversal por convecção


Exemplo de arquitectura saudável com ventilação transversal 
O sanatório de Paimio, na Finlândia, desenhado por Alvar Aalto no século passado é um exemplo extraordinário da utilização da convecção e da ventilação transversal de modo a efectuar a renovação do ar interior. A baixa profundidade entre fachadas acentua enormemente este efeito e torna a renovação do ar um processo confortável e eficaz neste imóvel destinado ao tratamento da tuberculose.

Sanatório de Paimio na Finlândia - Arquitectura saudável

05/08/2019

Climatização Ecológica

Nos últimos anos tem havido um crescente exagero na utilização dos sistemas mecanizados de renovação de ar e climatização. Por um lado foi introduzida legislação que obriga as casas e equipamentos a renovar o ar de modo mecânico contrariando os princípios mais elementares de redução da nossa pegada ecológica. Por outro lado tem havido uma crescente pressão para a utilização de sistemas de arrefecimento através de equipamentos seja por imperativos legais, seja pelo desconhecimento de sistemas alternativos.

Climatização ecológica com arrefecimento passivo
Ora, é precisamente do desconhecimento que pretendo falar. Na realidade, os arquitectos, os engenherios e os legisladores desconhecem as possibilidades alternativas no que diz respeito à climatização passiva. 
Ora é perfeitamente possivel criarmos zonas de fachada com zonas de sobreamento e consequentemente protegidas da radiação solar. Essas zonas sombreadas vão possuir temperaturas inferiores. Se estas estiverem em contacto com o interior e o interior possuir pequenas aberturas na fachada oposta, desencadeia-se uma corrente de ar que permite o arrefecimento. O ar destas zonas mais frias é assim introduzido dentro o edifício. Esta técnica é conhecida desde os anos 30 e foi executada em inúmeros edifícios por arquitectos portugueses em Africa, local onde os recursos financeiros eram reduzidos mas onde o conforto era uma prioridade.

O exemplo da arquitectura portuguesa dos anos 60
O arquitecto Francisco Castro Rodrigues é um exemplo extraordinário da implementação de uma climatização ecológica. Analisemos o caso do Liceu do Lobito. Aqui a fachada sombreada cria zonas de baixa temperatura e diferente pressão que permitem arrefecer a escola. A ventilação transversal faz o resto do trabalho de renovação de ar. Nenhum sistema ou equipamento mecanico é utilizado. Apenas o engenho de com poucos recursos, climatizar o edifício. è preciso seguir os exemplo do tempo em que a ecologia não era um luxo mas uma necessidade financeira e técnica. Estas lições não se podem perder. 

 Liceu no Lobito - Fachada com palas horizontais
Arquitecto Francisco Castro Guedes - Liceu no Lobito

 Liceu no Lobito - Fachada sombreada
Climatização ecológica - Liceu no Lobito
Ventilação transversal ecológica do Liceu do Lobito

27/03/2019

Coliving e Coworking


O que é o coliving e o coworking


Para entendermos bem o que é o coliving e o coworking temos de ir por partes pois o seu impacto na arquitectura sustentável é extremamente elevado. Julgo que é chegada a altura de falar um pouco sobre algo que promete transformar as nossas cidades e sociedades nas próximas décadas.
O coliving e o coworking é uma forma nova de nos relacionarmos entre todos e um novo modo de organizarmos os espaços. Nasce com a economia partilhada e o seu impacto económico, social, político e ambiental será enorme.

A economia partilhada enquanto berço do coliving e coworking


As recentes alterações sociais abriram caminho a novos conceitos de habitar as cidades e os espaços. O contexto onde tudo começa é de facto a economia partilhada. Para aqueles que não sabem a economia partilhada surge mais intensamente com o aparecimento da internet e a sua generalização. Com a rede global começaram a surgir as primeiras plataformas de partilha, inicialmente de cariz alegadamente social e mais tarde transformam-se em grandes fontes de lucros. Recordo o conceito de couchsurfing onde a airbnb nasce. Na realidade, as pessoas habituaram-se a partilhar, a vender usado, a reutilizar os seus produtos colocando-os novamente no mercado.
Com estes processos a decorrer a sociedade passou a achar normal receber um estranho em casa, fazer disso fonte de rendimento e inclusivamente viajar e ficar em casa de alguém desconhecido simplesmente para baixar o custo da viagem ou conhecer experiências autênticas. No fundo a partir de agora toda a sociedade passa a conviver bem com a ideia de estar num espaço privado em conjunto com outras pessoas que não fazem parte do nosso circulo de conhecidos.

Coliving
O coliving é o acto de viver partilhando um espaço. Surgiram assim recentemente novos espaços, por vezes adaptados de edifícios existentes que oferecem estadia aos seus clientes ou utilizadores partilhando as zonas comuns. No fundo o cliente ou utilizador partilha as salas e cozinhas e o seu espaço privado resume-se ao quarto. Este conceito deixou de ser um explusivo do turismo e passou a ser usado para vida do dia-a-dia.

Coworking
O coworking é uma forma imediata de aplicar o conceito de espaço partilhado aos serviços. No fundo as gerações mais novas, e os mais empreendedores em particular começaram a preferir alugar espaços em conjunto para trabalhar. Ora, aquilo que nascia como um recurso para poupar custos de renda rapidamente se tornou num produto procurado. Vários trabalhadores independentes e empreendedores preferiam trabalhar em escritórios onde podem trocar ideias e partilhar soluções. O coworking passa assim a ser um produto procurado. O utilizador paga uma infraestrutura e acede à partilha do espaço com outros utilizadores.

Cohousing
O cohousing é a institucionalização do coliving. Surgem edifícios exclusivamente destinados à habitação já com o propósito de partilha dos espaços comuns. Surgem assim adaptações para residências de estudantes ( destinadas ao segmento universitário), residências seniors ( destinadas aos mais idosos) , residências assistidas ( destinadas aos mais velhos com necessidade de cuidados especiais), entre outros.

Consequências do coliving e coworking


É chegada a altura de verificar então que consequências podemos esperar a nível social, urbanístico, político e ambiental.
Sociedade
O coliving é no fundo a demonstração que a sociedade de hoje é bastante mais complexa. A família deixou de ser o único modo de organização do espaço da habitação. Se a revolução industrial alterou a relação do trabalho e a família, a economia partilhada alterou assim a relação entre família e habitação.

Urbanismo
As nossas cidades eram constituídas por unidades familiares: a casa, o apartamento, o prédio de apartamentos, os bairros de casas. Sobre esse tecido erguiam-se edifícios colectivos e singulares: o palácio, o hospital, o museu, a igreja, o tribunal. com o coliving a habitação evoluirá para edifícios cada vez mais complexos que englobam a partilha dos espaços. A cidade torna-se mais complexa e multifacetada. Com o coworking os espaços de trabalho vão tornar-se colectivos no uso.

Política
Algumas tensões poderão surgir. Se por um lado os promotores do coliving e do coworking foram entidades privadas, rapidamente os estados começaram a intervir e a promover os seus próprios espaços de coliving e coworking. Isso significa que um novo campo de batalha política surgirá entre senhorios e arrendatários e com os estados à mistura. Será uma batalha em tudo idêntica ao que se passa hoje no mercado de arrendamento entre fundos, private equities, empresas particulares e estados... Simplesmente a batalha desloca-se da casa para o cohousing.

Ambiente
Para o ambiente o coliving e o coworking é uma oportunidade enorme para construir uma arquitectura mais sustentável. Partilhar espaços significa que podemos ter custos muito mais reduzidos na construção, manutenção e utilização dos locais. E custos energéticos reduzidos são também bons para o ambiente. Se a economia partilhada de objectos permitiu prolongar a vida dos objectos mantendo-os no mercado de consumo sem serem produzidos novos ou enviados para o lixo, gerando assim consideráveis melhorias ambientais, podemos dizer que o coliving e o coworking possibilitarão enormes poupanças ambientais na exacta medida em que pouparemos também recursos do nosso planeta.

A oportunidade para a arquitectura sustentável


É importante que os arquitectos tomem consciência destes processos e no fundo aproveitem para desenvolver projectos que possam:
- gerar retorno aos investidores, sejam eles públicos ou privados
- criar espaços de qualidade promotores de conforto para todos
- poupar recursos ambientais através das novas economias de escala dos espaços




Projecto Urbanístico com Coliving, Coworking e Cohousing